terça-feira, 18 de agosto de 2009

FEROMÔNIOS


Antes de ficar horas vasculhando as prateleiras das importadoras à procura do perfume mais fatal do planeta, muito mais do que Chanel nº 5, Carolina Herrera, Calvin Klein, a fragrância preferida por seu parceiro (a) provavelmente é a sua. Aquela original de fábrica, que exala pelos seus poros. Sim, é isso mesmo o que você está pensando: o cheiro que vem do seu corpo é um importante aditivo quando se trata de 'enlouquecer' o sexo oposto.

Nada contra perfumes ou desodorantes. Eles são ótimos na nossa vida social. Mas, se o assunto é sexo, melhor mesmo é tirar proveito de seus atributos naturais. "Perfume é para ir trabalhar, não pra ir para a cama". Os cientistas afirmam que ainda se sabe muito pouco sobre o olfato, mas uma coisa é certa: é ele o sentido mais animal que temos. É que, diferentemente da visão e da audição, o olfato é identificado no cérebro em uma área ligada à emoção, a mais primitiva. Ou seja, ele é puro instinto.

O anatomista Dr. David Berliner, da Alemanha, estava pesquisando a composição da pele humana, observou que, quando deixava abertos frascos contendo extratos de pele, os sentimentos dele e das pessoas à sua volta pareciam mudar -- tornavam-se mais cálidos e amistosos. Esses sentimentos diminuíam se os frascos eram tampados. Essas descobertas levaram-no a investigar o potencial que as diferentes substâncias têm para estimular o órgão do "sexto sentido", o OVN, e a pesquisar o uso de feromônios como perfumes, de modo a dar à natureza uma "mãozinha" no campo dos romances. Um bom exemplo deste estudo é o das mulheres que coabitam no mesmo ambiente (os colégios internos de antigamente, os orfanatos de hoje ou as prisões femininas) e acabam por ter seu ciclo menstrual sincronizado, todas juntas fase a fase.
Os neurocientistas que primeiro se interessaram por esse tema comprovaram a veracidade dessas observações incidentais. Duas psicólogas da Universidade de Chicago, Kathleen Stern e Martha McClintock, coletaram com cotonetes a secreção axilar de um grupo de mulheres durante diferentes fases do ciclo menstrual, mascararam o cheiro dos cotonetes com álcool e apresentaram a outro grupo de mulheres cotonetes só com álcool, ou cotonetes também com… cecê axilar.
O resultado da pesquisa sugeriu a existência de pelo menos dois feromônios com efeitos distintos: um, coletado antes da ovulação, encurtava o ciclo menstrual das mulheres receptoras; outro, coletado durante a ovulação, fazia o contrário: prolongava o ciclo das receptoras.
Mais recentemente, outro grupo de pesquisadores fez um experimento diferente: coletou o extrato axilar de homens e o submeteu a mulheres disfarçado com um certo perfume. O ciclo hormonal se modificou nas mulheres receptoras (mas não nas que receberam o cotonete só com o perfume). Além disso, ao responder a questionários padronizados, elas relataram diminuição da tensão do dia-a-dia e uma sensação agradável de relaxamento!
O problema é que não há vestígios de órgão vômero-nasal nos seres humanos, a não ser durante a fase fetal, nem regiões específicas no cérebro que processem essa forma de comunicação química. Também não foi possível identificar células sensoriais diferentes na nossa mucosa nasal e, além disso, o genoma humano contém pobres evidências de algum gene que codifique as moléculas receptoras dos feromônios, como se verificou em animais. Pode ser, entretanto, que em nosso caso o sistema olfatório esteja envolvido, isto é, sentiríamos algum cheiro diferente que os ferômonios veiculariam.

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