domingo, 8 de agosto de 2010

Devotees


Hoje vamos falar dos Devotees, pessoas que se sentem sexualmente atraídos por mulheres amputadas ou homens amputados.
Existem sites contendo fotos e vídeos de mulheres com deficiência, como se fossem uma espécie de Playboy virtual, especificamente destinada a esses homens e seus desejos, como o http://www.amphouse.com/.
Porém, esses casos não são manifestações isoladas, sem interesse. Esse universo paralelo, regido por leis desconhecidas, é parte de um evento muito mais sofisticado do que se imagina.
Existem os devotees que são pessoas (homens ou mulheres, hetero ou homossexuais) que se sentem sexualmente atraídas por pessoas com deficiência. Há também os pretenders que são pessoas que, além de serem devotees, sentem-se sexualmente estimuladas quando fingem ser deficientes, utilizando, em público ou privadamente, equipamentos como cadeira de rodas, muletas, bengalas, aparelhos ortopédicos como fantasia sexual (fetiche). Além disso, existem os wannabes, que são devotees que desejam tornarem-se, de fato, deficientes.
Embora tenha ganhado visibilidade a partir do advento da Internet, a literatura médica relata casos de devotees desde 1800 e casos de wannabes são documentados a partir de 1882, "sem que, no entanto, suas causas tenham sido devidamente esclarecidas".
Em outros países como, por exemplo, Estados Unidos e Inglaterra, esse assunto tem sido objeto de estudo e discussão, não apenas entre os profissionais da área médica, mas também entre as pessoas com deficiência e suas organizações representativas.
Não existem estudos sobre o devoteísmo no Brasil.
Algumas pessoas com deficiência que (em virtude das limitações físicas e sociais impostas pela própria deficiência) não tiveram muitas oportunidades de ter experiências sexuais e/ou afetivas, ao tomarem conhecimento da existência dos devotees, imaginam que estes podem ser a resposta às suas preces. Outras, por outro lado, crêem que envolver-se com devotees significa necessariamente expor-se ao abuso.
O objetivo desta matéria - mais do que difundir a informação - é suscitar a discussão, que pode colaborar para o estabelecimento de contatos positivos entre as partes. Creio que é possível amenizar a angústia do isolamento e o medo do desconhecido através da nomeação deste lugar ainda oculto pelas sombras da ignorância.
Portanto, conhecer os sentimentos, tanto dos devotees quanto das pessoas com deficiência, a partir de uma discussão desarmada sobre o assunto, é a melhor (e talvez a única) estratégia de que dispomos para compreender o devoteísmo e o que ele representa, ou pode representar, tanto para os devotees quanto para as pessoas objeto de seu desejo.
Dessa forma, cada vez mais pessoas deficientes podem desfrutar de certas emoções que dantes pareciam relegadas às pessoas que não possuem deficiência alguma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário