terça-feira, 13 de outubro de 2009


A sexualidade humana é um campo muito vasto. Atualmente é debatido em suas diversas áreas por um sem número de pessoas. Ainda sim, muitas partes são motivos de mal entendimento. Nós do Dicas de Sexo, vamos agora desmistificar para você o sexo na vida dos lesionados medulares, tetraplégicos ou paraplégicos. O que virá agora é um texto que vai dar luz sobre a vida dessas pessoas.

Deixo você na companhia do meu amigo Pedro Paulo.

Farei este texto como uma forma de informação, pretendendo quebrar o mito do tetraplégico impotente. Como "esclarecimento informativo" tem-se neste relato algo que novos casais, em que haja um lesionado medular, possam se basear a título de dicas no que tange à "procedimentos". Há toda esta cerimônia, pois de fato, não é uma relação de fácil acesso, em termos exagerados, diria que exige um pouco mais da parceira, que no final das contas será recompensada. Após ter traçado isto que poderia chamar de "objetivos" deste relato, quero somar também o caráter erótico de tal conteúdo.

Este é um relato carregado de pequenos detalhes, observados sob meu ponto de vista, que achei essencial serem descritos para uma exposição de qualidade. Espero que os leitores admirem e se sintam excitados ao que for de sua identificação. Colocado desta forma, um relato sexual será uma leitura agradável com fins informativos. Ao final deste relato escreverei alguns esclarecimentos que se fazem necessários.

Vamos a uma linguagem menos formal.


A primeira namorada

Era a minha primeira namorada após meu acidente. Já havia tido uns rolinhos mas nada muito sério. Não nos víamos muito durante a semana, na verdade só aos fins de semana. Assim, tínhamos um mês juntos. Minha situação não é aquele tetraplégico "total", tenho alguns movimentos nos braços (minha lesão na medula não foi total).* (1) Então vamos lá. Estávamos num bar eu, ela e mais dois amigos. Estes dois amigos iam ainda à uma festa, a qual eu e ela não estávamos afim. Sendo assim ela ficou de me dar carona. Eles deram uma força para eu entrar no carro e lá fomos nós dois, um belo casalzinho apaixonado e cheio de fogo.

Era por volta de uma da manhã, chegamos em casa, ela ainda não sabia como me ajudar a sair do carro sozinha, então, pedi ajuda ao guardinha, que sempre está lá nessas horas que preciso, gente fina! Aproveitando a força ele ajudou a me deitar.*( 2) Bingo! Ficamos conversando um pouco quando, então, rolou um clima. Eu estava deitado sobre um travesseiro que não me deixava complemente deitado, meu tronco ficava um pouco mais alto. No início ela estava sentada ao meu lado, nos beijávamos de maneira ardente, de maneira que não fazia mais sentido ela continuar sentada. Olhando no fundo de meus olhos ela se levantou e passou a perna sobre mim, deitado-se sobre mim. Abracei-a, nos beijávamos muito profundamente. Levantou-se (ajoelhada sobre mim, joelhos paralelos ao meu corpo) e começou a desabotoar sua camisa. Pensei: "ferrou, o que faço? Não há nada que eu possa fazer!!". Então fui claro: "preciso duma dose de uísque", ela levantou sorrindo, com sua camisa desabotoada, linda, e me trouxe um "caubói". Foi um gole, me queimou até a alma. Tinha que deixar de ser bobinho. Disse: "fique à vontade". Ela tirou a camisa e seu sutiã. Linda, linda, seios lindos, na medida, aquilo me inspirou muito, começamos a nos beijar novamente, beijos quentíssimos, ela se esfregava e gemia, foi subindo e me oferecendo seus seios, não neguei e presenteei-a com beijos, lambidas, mordiscadas que a faziam fechar os olhos e me arranhar, então voltou a me beijar e foi percorrendo meu pescoço, desceu e começou a tirar minhas blusas, nos enrolamos um pouco mas deu tudo certo. Ela não se incomodou com meu tórax e braços nada sarados, tampouco com minha barriga nada definida. Ela beijava minha barriga, peito, pescoço e novamente boca, esta é minha arma fatal.

Notei que ela começava a desabotoar sua calça, então ela se virou ao me lado e tirou-a, estava de calcinha e meias brancas. Linda, uma calcinha branca, pequena e simples de algodão. Sorriu pra mim, eu: "você é linda!". Saiu da cama, de pé, de costas para mim, tirou as meias e a calcinha, que bundinha! Não acreditava no que via, ela virou primeiro a cabeça e me olhava com um sorriso meigo, linda, depois se virou inteira, ela é mesmo linda!

Novamente sobre mim me beijava, eu investia tudo que podia nos beijos e percebia resultado! Ela se excitava realmente. Sobre mim, sua posição era meio de quatro, de maneira que se ela levantasse o tronco, ficaria ajoelhada! Levantou, segurou minhas mãos em seus seios e de olhos fechados se esfregava sobre mim. Alguns espasmos nas minhas pernas se manifestaram*(3), isso era sinal de que, com as esfregas dela, eu estava iniciando uma ereção. Esclarecimento: pessoas como eu obtêm ereção graças à estímulos físicos (toques, carinhos...) ou também por estímulos psicológicos.


Partindo para os finalmentes

Agora sim, ela segurou o elástico de minha calça e começou a descê-la, fiquei um pouco constrangido, pois ela só olhava para meu pênis. Notei uma estranheza da parte dela. Outro esclarecimento: pessoas como eu, em sua grande maioria, não possuem total controle de esfíncter, portanto usamos no pau algo parecido a uma camisinha de onde sai um cano que vai até um saquinho coletor, não é o monstro que estão imaginando, é prático e simples.*( 4) Expliquei isso a ela que parece ter ignorado, pois já foi logo arrancando. Sim, estava de pau duro e ela iniciou uma leve masturbação, parece também ter ignorado o fato de meu pinto não ser dos maiores. Me olhando, soltou meu pinto e se abaixou esticando o braço para fora da cama pegando em sua bolsa uma camisinha (não foi tão rápido, ela se enrolou um pouco), olhando em meus olhos de maneira madura me "vestiu". Com seus carinhos minhas pernas pulavam*(5), fiquei meio de "borboleta" com as pernas. Minha princesa veio novamente sobre mim e agora os dois nus nos beijávamos loucamente, agarrei-a da maneira que deu e senti sua excitação crescendo, senti seu calor no peito, suas saliências, seu odor, saliva e hálito, ela me apertava, me acariciava a cabeça, percebi que ela pegou em meu pênis e procurou se encaixar. Conseguiu, sentia coisas dentro de mim, inexplicável e agradável, iniciou movimentos lentos seu, olhar perfurava meus olhos. Tinha uma expressão meiga e ao mesmo tempo dominadora*(6). Ela tremia um pouco e algumas estocadas eram com força, o que a fazia gemer e manter os olhos fechados e um calor misturado com não sei o que subir em mim. Me ofereceu os seios que novamente apreciei. Linda. Agora seus movimentos sobre mim eram mais fortes e rápidos. Minha respiração também aumentou ao passo que seus gemidos também. Nos beijamos novamente e, rápido, me deu seus seios. Ficamos nos movimentos durante um tempinho delicioso, era muito satisfatório ver sua expressão enquanto fazia os movimentos, fomos esquentando e enlouquecendo. O suficiente para ela chegar no limite de seu prazer, um gostoso suspiro no meu ouvido... Nos beijamos novamente e ela deu aquele sorriso lindo para mim. Virou-se ao meu lado e conversamos.

Ela começou a fazer carinhos em meu corpo, uma gostosa massagem em meus ombros e pescoço. Era algo muito sensual, pois ela estava sentada ao meu lado esquerdo, na altura de meu rosto, sua perna esquerda estava dobrada ao lado de meu corpo e sua outra perna passando por trás de minha cabeça, ela sabia o que queria, seu sexo estava exposto ao meu lado, e suas massagens eram cada vez mais intensas, sua perna direita começou a tocar meu rosto, logo estava beijando sua coxa, mordiscando... ia se aproximando cada vez mais da minha boca, assim, não tardou para ela se colocar com ambos os joelhos paralelamente à minha cabeça. Comecei a explorar seu sexo com a língua, primeiro fui ao clitóris, sentia seu cheiro e sua umidade. Com movimentos de cima para baixo comecei a notar movimentos de suas mãos em seu corpo, e também comecei a ouvir seus gemidos. Logo ela mesma estava tocando seu clitóris, então deixei-a liberar seu prazer e comecei a penetrá-la com a língua. Isso foi uma viagem, lembro de poucos detalhes, logo ela chegou ao seu limite. Fizemos uma pequena higiene*(7), então, ela sorrindo, veio sobre mim nos beijamos e como uma menininha sapeca ela veio ao meu lado e ficava me dando beijinhos. Conversamos muito. Nossa noite passou assim , carinhos, amassos e tudo que todos fazem. Outras noites houveram, novas posições encontramos*(8). Ficamos mais alguns meses e foi bom enquanto durou. E assim é, sexo não se ensina, pratica-se. Foi legal expor dessa forma esse relato. Coloco meu e-mail à disposição dos leitores que quiserem fazer comentários: eccoss@hotmail.com


Esclarecimentos sobre alguns tópicos

Como já dito, há um grande mito envolvendo deficientes físicos, palavra essa muito "corretinha" até me incomoda um pouco, mas não usarei "aleijados" pois, esta sim, incomoda a muitas pessoas. Talvez um misto de preconceito e falta de informação, o que na verdade são sinônimos, geram este mito. Muitos acham que estas pessoas principalmente, lesionados medular - paralíticos por uma lesão na medula muitas vezes por choques que atingem a coluna vertebral, não têm condições de ter relações sexuais devido à impotência. Não é verdade, muitos não são impotentes e aqueles que são impotentes têm ajuda da medicina quando necessário, pois já vi muitos exemplos de casais que muitas vezes dispensam a penetração, enfim...

De qualquer forma é um assunto não muito discutido e ignorado, tanto que tive a vontade de expor algo que o elucidasse de maneira de fácil assimilação.

Em alguns trechos do relato coloquei uns "*" e um número, são trechos que merecem uma maior explanação, assim, abaixo estão os números esclarecendo seu respectivo trecho.

1-Uma pessoa pode ficar tetraplégica ou paraplégica quando há uma lesão em sua medula, a medula parte do cérebro e é protegida pelas vértebras de nossa coluna. Portanto, a limitação a que uma pessoa estará sujeita por uma lesão na medula dependerá de que parte da coluna foi atingida. Lesões altas em coluna cervical (pescoço) tornam uma pessoa tetraplégica, mas isso apenas se ocorrer uma lesão acima da vértebra cervical 04 e essa lesão tem que ser completa (lesionar totalmente a medula). Se lesionada, por exemplo, a cervical 05 essa pessoa poderá movimentar o bíceps e alguns músculos do ombro, então, quanto mais baixa a lesão, menos limitada será essa pessoa.

2-Ainda que uma pessoa seja totalmente tetraplégica, apenas uma outra pessoa é capaz de transferi-la da cama à cadeira, da cadeira ao carro e etc... Há maneiras simples para isso.

3-Espasmos em pessoas com lesão medular são comuns. São movimentos involuntários causados por diversos motivos, dentre eles algo que cause dor, diferença de temperatura e etc. Estes espasmos (isso observei na minha experiência, de maneira que não sei dizer cientificamente) ajudam na ereção e em situação de ereção também há manifestação de espasmos nas pernas. Um espasmo ocorre quando um estímulo, toque, choque, é dado no membro, esse estímulo é recebido pela área nervosa da região chegando à medula e seguindo por ela, parando na lesão e retornando à área em forma de movimento, é o que chamam de arco-reflexo. Acho, por experiência, que é assim que rola a ereção, pois toques e massagens são as fontes de ereção em alguns lesionados medular! Vale acrescentar que a ereção não cessa enquanto a parceira não quiser!! Ou seja, obtêm-se ereção pelo arco-reflexo, dando estímulos físicos no pênis: toques, carinhos, massagens...

4-Devido a um não controle de esfíncter, normal em lesionados medular, existe um aparato prático que é muito usado. Consiste numa espécie de camisinha, onde na ponta se encaixa um cano fino que chegará a um pequeno saco coletor. Parece um estorvo, mas não é, é algo bastante discreto. Imaginem vocês meninas, que sofrem com problemas de idas ao banheiro numa noite de bastante cerveja, num lugar onde sentar é um pouco nojento, o quão fácil seria não precisar sair correndo ao banheiro, relaxar e pensar nisso só mais tarde! Lesionados que fazem uso desse aparato possuem o que os médicos chamam de bexiga espástica, para urinar, quando não acontece sozinho, basta estimular com alguns toques e apertões na bexiga, se isso for olhado sem preconceitos é algo natural.

5-Novamente: toques em membros causam espasmos, nesse caso ela acariciava meu sexo provocando espasmo em minhas pernas.

6-Dominadora. Esse é um tipo de relação diferente da convencional, algumas mulheres gostam muito de tomar conta da situação, de não ficar à mercê daquele macho que a irá possuir, de chegar lá e mostrar seu lugar. São mulheres de pulso e atitude, vão atrás do que querem. Pegam seus homens e conquistam seus desejos. Lindas mulheres admiráveis. Não esperam para serem felizes, sabem o que querem e eu lhes dou o que buscam, somos pares perfeitos. São essas mulheres que me atraem, é a mim que elas vêem, não esperam um cantada sem graça ou performances cômicas dançantes. Estar junto, principalmente, estar junto.

7-Quando citei essa frase me referi a uma limpeza no rosto para não ficar "úmido".

8-Deve ter surgido curiosidade nesse trecho. Sim, além daquela tradicional, em que ela se coloca sobre mim encaixada e juntinhos, também há ajoelhada com seus joelhos paralelos ao meu corpo, há outra como sentados um frente ao outro abraçados e encaixados. De lado com ela de costas. Deitado com ela sentada de costas. E com um pouco de prática rola-se os dois de maneira a eu ficar sobre ela e ela cuidar da penetração. Na verdade muito se descobre na prática, como já disse: sexo não se ensina, pratica-se!

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